A QUINTA   "EL CARMEN"  E  O  CONVENTO DA ARRÁBIDA

 

 

 

 Situada no lado poente da Serra da Arrábida, a Qtª  "El Carmen" é um local histórico onde viveu um importante fidalgo espanhol (castelhano) que havia de se tornar mais tarde no famoso S.Martinho ou Frei Martinho de Stª Maria, fundador do Convento da Arrábida.

Tudo está ligado a uma certa história passada no ano 1215 com um mercador inglês de nome Hildebrand que trazia consigo na embarcação uma imagem de Nª Srª com o Menino Jesus, talhada em pedra, que fora retirada de  um convento beneditino e caiu ao mar no meio de uma grande tempestade em águas portuguesas à vista de Lisboa. Consegue no entanto dobrar o Cabo Espichel e o barco chega a Alpertuche (praia próximo do Portinho da Arrábida) onde o viajante chegou são e salvo e recuperou ali do grande susto que apanhou.

Desconhecendo a Serra, que pela primeira vez avistara, percorre com a vista o imenso matagal e eis quando observa no alto uma luminosidade intensa que lhe despertou a atenção e o atrai a subir até lá. Chegando ao cimo, fica surpreendido com o que viu, pois era a imagem que trazia consigo e que tinha desaparecido no meio da tempestade.

Logo sente nisso um milagre que o leva a vender todos os seus bens e ordena que se edifique no local uma Ermida onde se propõe viver de forma solitária até ao fim de sua vida.  Hildebrant, acabaria mesmo por erigir um convento com licença do Bispo de Lisboa, como consta de uma escritura no arquivo da igreja catedral da mesma cidade, feita pelos anos de 1288. Dois séculos depois, D. João de Lencastre, 1º Duque de Aveiro, pediu ao Superior Geral dos Franciscanos que mandasse uma pequena comunidade dos seus frades para habitarem o já então degradado retiro da Arrábida. 

Ora, foi nessa altura então que o Duque de Aveiro, em visita a Guadalupe, contactou com o tal fidalgo espanhol a quem expôs seus intentos, convidando-o para vir para este local maravilhoso que se tornaria conhecido por Qtª "El Carmen" e donde sairiam os 3 primeiros frades que dariam origem ao "Convento de Stª Maria da Arrábida" no meio da serrania, tendo começado a habitá-lo no dia 29 de Setembro se 1539.   O nome da serra (de origem árabe) significa "local de Oração".

 

 

    É este, pois,  o "Convento Novo" inaugurado no século XV-XVI, sendo o "Convento Velho" mais antigo e localizado um pouco mais acima na serra.  Ali se encontram as Ermidas que serviam de retiro aos primeiros frades, em especial Frei Agostinho da Cruz que viveu numa cela o resto dos seus dias, fazendo seus poemas inspirado pela beleza do local. A cela (ver aqui foto e biografia) foi mandada construir por Dom Álvaro,  Duque de Aveiro no ano de 1605, e reconstruida depois por ordem da Duquesa de Palmela (D. Helena Maria) no ano de 1940.   

No interior duma das Ermidas em número de 7 ao longo do declive da Serra,  encontra-se uma estátua de Jesus-Cristo crucificado, em tamanho natural, do século XVII-XVIII, que foi oferecida por D. João V ao Convento. A imagem é conhecida por o "Senhor dos Aflitos" e era muito devocionada pelos Pescadores que faziam ali suas ofertas no cumprimento de promessas que faziam nas horas de aflições na sua vida do mar.  Clicar na foto em baixo:

 

 

    Resta dizer que todo o local  onde se situa o "Velho Convento" (onde estão as Ermidas) e o "Novo Convento" (onde se efectuam encontros e reuniões importantes), está na posse da Fundação Oriente que tem efectuado  obras de restauro para preservação do grande património histórico/cultural.  Acresce dizer que a própria estátua do "Senhor dos Aflitos" desta Ermida, vai ser toda restaurada por especialistas em arte antiga, pois que um devoto há alguns anos atrás resolveu pintá-la  com tinta de óleo julgando estar a fazer um bom trabalho de conservação.  Por esse e outros motivos (vandalismo, roubos, etc.)  o livre acesso foi vedado e quem desejar visitar o lugar terá primeiro de marcar por telefone a respectiva visita que será acompanhada pelo guarda do Convento que se disponibilizará para o efeito.  O contacto é: 212197620 ou 212197628.

    Fica aqui mais um trabalho elaborado sobre um lugar de Mistério da grandiosa "Serra-Mãe" (como lhe chamava Sebastião da Gama) cuja energia se sente como algo vindo do interior que transmite paz de espírito e convida à reflexão perante a maravilhosa paisagem que se apresenta também à nossa visão.

 

Rui Palmela

 

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