(Enviada para as Nações Unidas em 1995)
Conheço um vagabundo de olhos perdidos e sei que ele não teme a vida, a morte ou os perigos
Em suas mãos côncavas de pão, não sente a esmola e seu braço estendido tem o abrir do perdão
Não sei por onde anda com sua veste longa e branca, mas por onde passa há algo que se despedaça, sem sentir a ameaça de sua voz pura e franca
Quando regressa traz um suave vagar que cheira a semente e a lírio a desabrochar, é dele o verde do campo, a voz do mar, a brisa do vento na seara a mondar
Há nele o sol morno, a quietude de uma virtude que não ouso explicar...
Só vejo que a tempestade se amansa, e até a serpente descansa quando o sentem chegar...
Ele traz consigo o livro mais antigo, o selo mais sagrado, e junto ao peito traz a cruz do Homem torturado.
Se o encontrares não temas seus passos, nem rompas seus laços, O vagabundo é um Amigo.
Poema de P. Pinto
O mundo não é de quem o domina... mas de quem o ama!
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