A MORTE DE UMA ANDORINHA

 

 

As imagens são  dignas de nota. O Fotógrafo estava lá!
 Elas traduzem t
odos os sentimentos de uma simples ave que vê outra caida no chão e se aproxima para observar.





      Talvez num gesto de intuição, segundo o relato do fotógrafo, essa ave chama o companheiro já sem vida, permanecendo sempre por perto o dia todo, pulando de galho em galho
na zona,  sem temer  quem se aproximava, até chegar bem perto ao fotógrafo.




E cantou num tom triste. O homem imaginou que ela pedia algo.
 Voou até ao corpinho inerte, pretendendo levantá-lo mas não conseguiu, e alçou voo.
O homem entendeu.
Foi ao meio da rua, retirou a ave morta do chão e colocou no canteiro indicado.

 



Num acto emocionante, todo o bando se aproximou, com dezenas de aves a sobrevoarem o corpinho sem vida, como que numa última homenagem  ao seu companheiro caido.

  

 

As fotos dizem quanta verdade existiu naquele momento de dor e respeito por uma ave de quem se despediram antes de partirem.

       E ainda dizem que os animais não têm alma?   O homem dito racional é que já perdeu a sua pela forma como  trata a Natureza e dizima com desdém e sem coração milhões de seres da Criação.

Pausa para reflexão

Rui Palmela

 

 

Já não voa a andorinha pequenina
Que os ares alegrava com graça
Quebraram-lhe a asa franzina,
Jaz ferida de morte na praça.

Seu encantador trinado e chilreio
Morreu estrangulado pela dor
E as belas tardes de enleio
Desventuradas perderam brilho e cor.

No voo cheio de grácil melodia,
Cortando o primaveril aguaceiro
Cantava enamorada de alegria
Na construção do seu lar primeiro.

Já não geme a guitarra afã
Seu trinado também se perdeu,
Calou-se uma voz amiga e irmã
E com saudade da andorinha morreu.

Mais pobre ficou a primavera
Por ter perdido algum encanto
Morreu a andorinha que era
O arauto que alegrava com canto
Os campos cheios de quimera
Que no silêncio calaram o pranto.